A 7ª Marcha das Margaridas foi encerrada oficialmente nesta quarta-feira em um ato público na Esplanada dos Ministérios. Os organizadores calculam que mais de 100 mil mulheres do campo, da floresta, das águas e cidades se reuniram em Brasília.
A Marcha das Margaridas é coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), pelas 27 Federações de Trabalhadores na Agricultura (FETAGs) e pelos mais de 4 mil Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs), e por várias organizações de mulheres parceiras.
O lema da edição de 2023 é “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”. O documento com as reivindicações das Margaridas tem 13 eixos temáticos e foi elaborado ao longo de quatro anos. Desde que recebeu o documento, em nome do Governo Federal, a Secretaria-Geral da Presidência da República coordena o trabalho de resposta de 16 ministérios responsáveis por ações relacionadas a tudo o que as Margaridas reivindicaram.
No ato de encerramento da Marcha, o presidente Lula assinou o decreto que cria o plano emergencial de reforma agrária. Lula também assinou outros sete decretos que estabelecem políticas públicas para as mulheres — entre elas, a criação do pacto nacional de prevenção a feminicídios.
Ceará presente
Cerca de duas mil mulheres cearenses participaram do evento em Brasília. 40 caravanas mobilizaram as trabalhadoras para a Marcha que acontece periodicamente a cada quatro anos.
A senadora Augusta Brito (PT-CE) também participou da Marcha. Para ela, as Margaridas são um exemplo na luta das mulheres por mais direitos e menos violência – “Os últimos 4 anos foram um período difícil para a luta das mulheres, mas estamos vivendo um novo momento agora. Temos um governo que está aberto a propostas e disposto a dialogar com os movimentos sociais. É hora de nos unirmos pela reconstrução do país e as mulheres têm e vão continuar tendo um papel fundamental neste processo” – afirmou Augusta.
A primeira Margarida
A Marcha inspira-se na luta de Margarida Maria Alves, uma mulher trabalhadora rural nordestina e líder sindical, que rompendo com padrões tradicionais de gênero ocupou, por 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Por lutar pelo direito à terra, pela reforma agrária, por educação, por igualdade e por defender direitos trabalhistas e vida digna para trabalhadoras e trabalhadores rurais, Margarida Alves foi cruelmente assassinada na porta da sua casa, no dia 12 de agosto de 1983.