A Câmara Municipal de Fortaleza promoveu na tarde desta sexta-feira, 24, uma audiência pública virtual com o objetivo de debater o projeto de indicação nº 760/2021, proposto pelo vereador Júlio Brizzi (PDT), sobre o programa Fortaleza Solar. O projeto prevê a produção em escala de energia renovável para a cidade de Fortaleza.
De acordo com as informações apresentadas na reunião pelo diretor do Sindienergia-Ce e ABSOLAR, Jonas Becker, o Brasil passou a catalogar energia voltaica solar a partir de 2012. Ao longo do período, foram aplicados R$ 54,1 bilhões em novos investimentos, 312 mil novos empregos, mais de 11,3 milhões de CO2 evitadas, 10,4 GW operacionais e R$ 14,6 bilhões em arrecadação de tributos ao poder público.
Jonas ressaltou que no momento em que o país passa por uma crise hídrica, pouca água nos reservatórios, é necessário repensar novas fonte de energia, haja vista que ela representa 58,9% de nossa matriz enérgica. As projeções para essas novas alternativas de energias limpas, sustentáveis e que auxiliam o meio ambiente, são satisfatórias até o ano de 2050, destacando: 32,2% de energia solar, 30,2% hídrica, 14,2% de energia eólica, 14,7% de gás natural, 4,3% de biomassa, 4,5% outros.
O Nordeste é a região com melhor recurso solar do Brasil. Esse fator climático coloca já coloca o Ceará em 10ª posição no país em geração distribuída solar, 223,6, representando 3,4% e Fortaleza, por exemplo, com a 6ª posição no ranking municipal de energia renovável. Nesse cenário, 75,8% da distribuição de energia solar ocorrem em residências, 16,1% em comércios, 6,1% na zona rural, 1,5% indústria, 0,5% poder público, dentre outros.
O vereador Júlio Brizzi (PDT), propositor do indicativo, ressaltou a importância da participação de todos em um projeto de grande dimensão que trará grandes benefícios para a cidade de Fortaleza. “É uma energia limpa, que não polui e ajuda o meio ambiente. São vários ganhos para Fortaleza e as contribuições apresentadas aqui serão essenciais para a cidade que buscamos. Diante das contribuições, vamos pensar na perspectiva da geração de energia solar sob outras óticas de incentivo e na sua apresentação junto ao plano diretor. A partir daí abriremos mais possibilidades para o assunto”, disse o parlamentar atentando que o tema é fundamental para que Fortaleza possa virar referência nacional na produção em escala solar.
O Co-fundador e Presidente Executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauai,evidenciou a relevância do tema, já que passamos por uma das maiores crises hídricas e o déficit está afetando o bolso dos consumidores. “Nesse momento de desafios, e a causa disso é a mudança do clima, é preciso buscar alternativas e as fontes renováveis e a solar faz parte desse processo. O projeto indicativo do vereador Júlio Brizzi aponta para o caminho certo”, colaborou.
Em uma apresentação intitulada Energia Solar fotovoltaica: Programa Fortaleza Solar, Diretor do Sindienergia-Ce e ABSOLAR, Jonas Becker, fundamentou o tema e demonstrou as perspectivas de crescimento promovido por incentivos a conjunção do programa. O diretor ressaltou as tendências de cidades cada vez mais verticalizadas e a matriz energética solar deve se adaptar a esse crescimento. “A gente recomenda que o poder público também dê exemplo nessa esfera e que faça e produza sua própria energia limpa. Parabéns vereador pela iniciativa. Nós como fortalezenses estaremos juntos pra fazer esse projeto andar”, disse.
Everton Gurgel, Procurador do Município de Fortaleza, fez observações levando em conta o Plano Fortaleza 2040, plano que prevê os próximos passos para a cidade até o ano 2040, considera uma das suas vocações a geração distribuída, uma produtora líquida de energia. “Esse projeto vai na ideia novo sistema elétrico 3D, digitalização das redes inteligentes e uma geração de energia descentralizada. Em setembro de 2019, éramos a 3ª cidade com energia distribuída no país e hoje somos a 6ª. É preciso que o projeto seja aprovado para voltarmos a posição em que estávamos”, declarou.
O vereador Lúcio Bruno (PDT) enfatizou que energia limpa, solar, é o futuro. “Passamos por uma crise hídrica e não aguentamos mais pagar o valor da taxa de energia do jeito que está. A gente tem que procurar outras fontes de energia sustentáveis. Vamos torcer que esse processo dê andamento e a gente possa, quem sabe futuramente, colocar uma matriz de energia nas habitações populares da cidade. Na apresentação nós vimos que 75% da energia solar de Fortaleza é residencial. As pessoas estão buscando energia solar mesmo sem incentivo. 0Vejo como um benefício para a população seja ela de caráter econômico, seja ambiental”.
Mesa virtual
Vereadores pedetistas Júlio Brizzi e Lúcio Bruno, Luis Carlos Queiroz; presidente do Sindienergia-Ce, Jonas Becker; diretor do Sindienergia-Ce e ABSOLAR, Hanter Pessoa; diretor de Geração Distribuída do Sindienergia-Ce, Jurandir Picanço; consultor de Energia da FIEC e Presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará, Joaquim Rolim; coordenador do Núcleo de Energia da FIEC, Rodrigo Sauaia; co-fundador e presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR); Everton Gurgel; procurador do Município de Fortaleza.