Cães do Abrigo São Lázaro e da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covis) da Prefeitura de Fortaleza receberam a coleira de proteção contra a leishmaniose durante solenidade de lançamento da Campanha Nacional de Encoleiramento dos Cães para o Controle de Calazar nesta quinta-feira (12/08). Representando os 1.200 cães cuidados pelo abrigo São Lázaro, Codsman, cão de seis anos, resgatado há cinco pelo abrigo, foi um deles, assim como animais considerados mascotes da Covis.
Há previsão para entrega de 90 mil coleiras na Capital. A distribuição será feita por meio de busca ativa pelos Agentes de Endemias, que visitarão as residências de tutores de animais cadastrados na Prefeitura de Fortaleza. As ações implementadas pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e pela Covis, com resultados positivos durante os últimos oito anos, levaram Fortaleza a ser escolhida como sede para o lançamento da campanha nacional.
A ação terá início ainda neste mês de agosto, em 35 bairros do Município com maior incidência de Calazar, de acordo com recomendação do Ministério da Saúde. O trabalho deve começar pela Barra do Ceará.
“Temos hoje uma nova ferramenta de controle, isso é muito importante. Uma ferramenta efetiva, oriunda de pesquisas com envolvimento, inclusive, da Fiocruz. A população pode aguardar que nós passaremos em suas residências pra fazer o encoleiramento desses animais”, destacou o coordenador da Vigilância em Saúde, Nélio Moraes.
Ainda segundo Moraes, a cada seis meses as coleiras serão trocadas, período de ação do resíduo existente no objeto.
“Com isso, vamos analisar o impacto dessa nova ferramenta na Saúde Pública, já que o calazar é uma doença de caráter social, atinge sobretudo a população de baixa renda e nossas crianças”, complementou.
Também presente no lançamento, a secretária da Saúde de Fortaleza, Ana Estela Leite, chamou atenção para a gravidade da doença.
“É uma doença que acomete todo o organismo e tem uma letalidade alta. O maior índice de óbitos é em crianças de até 10 anos de idade, ela se comporta de forma endêmica em 75 países do mundo, sabendo que o Brasil é responsável por 14% desses casos. Fortaleza tinha uma alta concentração de casos e, ao longo dos oito anos de trabalho, reduzimos em 68% os casos em humanos e em 62% a prevalência no cão”, reforçou Ana Estela.
De acordo com a titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a intenção é dobrar a capacidade de distribuição das coleiras em Fortaleza.
Diretora do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Cássia Rangel ressaltou o trabalho de pesquisa do Ministério da Saúde para o desenvolvimento da ferramenta para o combate da leishmaniose.
“Ela vem no sentido de uma prevenção de saúde única, tanto da saúde humana como também dos animais. Os estudos realizados avaliaram a efetividade da técnica e o custo-efefividade, e demonstraram que a gente consegue ter uma redução do número de casos em humanos, como também da prevalência em caninos”, salientou.
O Ministério da Saúde investiu em um milhão de coleiras para a primeira etapa da Campanha, implementada em 133 municípios.
Leishmaniose Visceral (calazar)
A Leishmaniose é transmitida por picada de um flebótomo contaminado (conhecido como mosquito palha) e pode acometer cães e humanos. Alguns sintomas que podem levar o proprietário a desconfiar que o animal está doente são: crescimento exagerado das unhas, pêlos quebradiços, nódulos na pele, úlceras, febre, atrofia muscular, fraqueza, anorexia, falta de apetite, vômito, diarreia, lesões oculares e sangramentos.
O combate ao inseto vetor deve ser feito com aplicação de inseticida no ambiente e o uso de produtos repelentes no cão. Além disso, as pessoas devem evitar deixar os animais em ambientes úmidos e que acumulem material que possa facilitar a criação do mosquito.
Nos últimos oito anos, houve uma redução contínua e progressiva dos casos de LVC em humanos em Fortaleza, associada à redução dos casos em cães. A LVC pode causar danos graves à saúde e até levar ao óbito. Os testes realizados nas Unidades de Vigilância e os Boxes de Zoonoses (UVZ), além da qualificação dos Agentes de Combate às Endemias (ACEs) e conscientização da população, tiveram um importante papel nessa redução, permitindo um melhor direcionamento das ações estratégicas para o alcance do controle.
Bairros contemplados com a distribuição de coleiras repelentes
Ancuri
Barra do Ceará
Barroso
Bela Vista
Benfica
Bom Jardim
Bom Sucesso
Coaçu
Conjunto Ceará I
Conjunto Ceará II
Cristo Redentor
Curió
Jardim América
Jardim das Oliveiras
Jardim Iracema
José Walter
Fátima
Granja Portugal
Manoel Sátiro
Messejana
Padre Andrade
Pan Americano
Parque Dois Irmãos
Parque Genibaú
Parque Presidente Vargas
Parque Santa Rosa
Parque São José
Paupina
Pici
Planalto Ayrton Senna
Praia de Iracema
Praia do Futuro I
Quintino Cunha
Rodolfo Teófilo
Siqueira