Nesta sexta-feira, 18/12, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará fará a doação de 250 Elmos ao Governo do Ceará. A entrega simbólica, de 20 capacetes de respiração assistida. A entrega foi feita pelo presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante e pelo diretor regional do SENAI Ceará, Paulo André Holanda.
De acordo com Ricardo Cavalcante, a doação da FIEC reforça o papel social da Federação. “A ciência precisa estar à disposição da população. A FIEC entende que o Elmo é fundamental para que centenas de vidas possam continuar a ser salvas. Por isso, essa doação faz-se extremamente necessária”, afirmou.
O equipamento foi testado em pacientes de 37 a 76 anos no Hospital Leonardo da Vinci, durante cinco meses. Com os testes, foi possível validar as funcionalidades e usabilidade do capacete, assim como sua eficácia no tratamento de insuficiência respiratória causada pelo coronavírus.
“Os pacientes melhoraram a oxigenação e tiveram evolução clínica. Esperávamos que metade dos pacientes se beneficiassem, mas foi acima do esperado. E não eram casos leves, todos utilizavam doses altas de oxigênio. Estavam numa situação limítrofe, com risco de internação em leitos de UTI, e melhoraram relativamente rápido”, lembra Marcelo Alcantara, superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará.
Ao utilizar um mecanismo de respiração artificial não invasivo, o Elmo foi fundamental para evitar a intubação de pacientes, reduzindo em 60% a necessidade de internações em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Com eficácia comprovada, o Elmo passou por todos os trâmites necessários e já foi aprovado pela Anvisa. Agora, será produzido e comercializado pela empresa Esmaltec.
Força-tarefa
A proposta de criar um capacete nasceu no início de abril. Ao todo, nove protótipos foram sugeridos e testados em voluntários no Laboratório Elmo, implantado na Central de Ventiladores Mecânicos e Equipamentos Respiratórios, localizada no SENAI Jacarecanga. Com a consolidação do equipamento, iniciou-se a aplicação em pacientes. O trabalho reuniu diversos profissionais, entre médico pneumologista e intensivista, fisioterapeutas, técnicos em usinagem e ferramentaria, design industrial e engenheiros nas áreas clínica, civil, mecânica e de produção.
O projeto foi abraçado pelo Governo do Ceará, por meio da Sesa, ESP/CE e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade de Fortaleza (Unifor), com o apoio do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) e Esmaltec.
“O Elmo é um feito importante para o país. O projeto foi desenvolvido em tempo recorde, apesar de não queimar etapas e cumprir todas as exigências dos órgãos de pesquisa e regulação. Meu sentimento é de gratidão ao trabalho incansável de todos os envolvidos, o que vai permitir logo o atendimento de pacientes”, salienta Paulo André Holanda, diretor regional do Senai Ceará.
Funcionamento
Acomodado ao pescoço do paciente, o Elmo permite ofertar oxigênio a uma pressão definida ao redor da face, sem necessidade de intubação. Dessa forma, a pessoa consegue respirar com auxílio da pressurização e oferta de oxigênio. O sistema possibilita, portanto, a melhora na respiração e pode ser utilizado fora de leitos de UTI.
O equipamento pode ser desinfectado e reutilizado. Outro benefício é o custo inferior em relação aos respiradores mecânicos e a maior segurança para os profissionais de saúde, já que, por ser vedado, não permite a proliferação de partículas de vírus.
Além disso, o equipamento se configura como um legado da pandemia para a saúde e pode tratar outras enfermidades que comprometem o funcionamento dos pulmões, como pneumonia e H1N1.