A retomada da economia foi o principal assunto do webinário promovido hoje, pela plataforma Agir – Todos contra o coronavírus, uma realização da Fundação Demócrito Rocha. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Ricardo Cavalcante, participou da conversa, que teve mediação do jornalista Cliff Villar. Participaram também o secretário executivo de planejamento e coordenador do plano de abertura da economia do Ceará, Flávio Ataliba, e o presidente do Sistema Fecomércio do Ceará, Maurício Filizola.
Ricardo Cavalcante forneceu números para ilustrar as perdas da indústria no período de suspensão das atividades produtivas não essenciais no estado. O PIB industrial encolheu 20,8% no período. Dos 40 segmentos industriais das empresas associadas aos sindicatos filiados à FIEC, 14 pararam as atividades e 26 continuaram funcionando por serem essenciais, como o de alimentos e farmoquímico.
De acordo com o líder industrial, as pequenas e médias empresas sofreram muito nesse período. “O maior problema nesse momento é crédito. Estamos conversando com bancos públicos e privados para tentar resolver essa questão. Entre as liberações de crédito do governo federal e a chegada dos recursos nas empresas há um espaço grande. Todos sofrem. O prejuízo é imenso para empresas, trabalhadores, governo. Comércio, indústria e governos tem que estar abraçados nesse momento de retomada. É importante conhecer os problemas de cada um para que a retomada aconteça numa velocidade boa para que não se perca empresas nem empregos. Precisamos que todos participem. Acreditamos que esse momento de retomada é o mais preocupante”, destacou.
O presidente da FIEC tratou ainda da preocupação da indústria com colaboradores, da adequação das empresas às novas formas de produzir e do cumprimento de protocolos estabelecidos pelo Governo do Estado. Nesse contexto, ressaltou que o SESI está adquirindo testes. “Pretendemos testar 7% dos trabalhadores da indústria para termos mais segurança nas ações”, informou. O avanço das empresas quanto à digitalização foi outro assunto abordado na transmissão. Ricardo Cavalcante destacou o importante trabalho do SENAI na formação de trabalhadores para a indústria. “Acredito que aceleramos 5 anos em 70 dias quanto a isso. Estamos atuando junto às indústrias para levar essa parte tecnológica”, disse.
O presidente do Sistema Fecomércio do Ceará, Maurício Filizola, disse que o empresário do comércio aprendeu muito com esse período e acredita que as dificuldades se transformarão em aprendizado. “No atacado, houve redução de 26,48% em maio e no varejo a queda foi de 55,82% no mesmo período. A preocupação é muito grande, mas temos que focar na retomada. O cliente está com perfil diferente. Os empresários se reinventaram. É um caminho sem volta. Sairemos disso com muito mais crescimento”, acredita.
As fases da retomada da economia cearense e os critérios para a reabertura foram abordados pelo secretário executivo de planejamento e coordenador do plano de abertura da economia do Ceará, Flávio Ataliba. “Contamos com a colaboração do comércio e da indústria para a construção do plano de retomada. Para ele dar certo, precisamos ter sentimento de corresponsabilidade dos que deram contribuições. Parte muito importante do sucesso é a consciência de que a doença não foi embora. Não podemos ficar fechados enquanto sai a vacina porque pode demorar. A economia precisa voltar a funcionar”, disse. Para o secretário, acontecerão transformações em toda a sociedade e quem tiver mais capacidade e flexibilidade para se adaptar vai conseguir lidar melhor com o novo cenário, que, acredita, será uma “mudança de vida”.